Uma mulher linda, bem-sucedida, glamourosa, chique, famosa, talentosa. Essas e outras características definem uma pessoa que foi uma referência da moda nos anos 1980 e 1990. Aos 60 anos, Luiza Brunet está mais jovem que nunca. A estrela ou por São José dos Campos e conversou com a coluna Inside sobre uma de suas atividades hoje, o ativismo no combate à violência doméstica.
O interesse pelo assunto aconteceu após a empresária e ex-modelo sofrer violência do então companheiro, o empresário Lírio Parisotto, em 2016, durante uma viagem aos Estados Unidos. Ela foi brutalmente agredida.
Nesta nossa conversa, Luiza explicou sobre as questões que levam uma mulher que a pela violência doméstica a não denunciar e o quanto é importante a denúncia.
"Quando você é vítima da violência você consegue compreender, de fato, essa violação tão profunda que é a violência doméstica, que é uma violência considerada a mais democrática do mundo. Ela não acontece só no Brasil [...] o planeta a por esse problema estrutural, perigoso e a gente precisa fazer algo. Acho que a sociedade civil pode contribuir bastante, que é o meu caso, como vítima, como sociedade civil, como mulher, como mãe de menino, como mãe de menina, para levar uma conscientização maior para as mulheres e dizer a elas que a violência doméstica não restringe a mulher a isso", disse Brunet.
Violência de todas as formas
Luiza ressaltou as diversas formas de violência e chamou a atenção da sociedade para um olhar mais humano ao próximo, entendendo a dor do outro e não fechando os olhos diante de uma agressão.
"Ela [a mulher] precisa entender esse lugar que ela está de violência doméstica, entender a violação que ela sofre, seja no trabalho, seja a violência obstétrica [quando a mulher dá à luz a um filho], as mulheres idosas, que sofrem estupros. São várias violações que precisamos ter essa conscientização. Acredito que a sociedade civil tem que fazer parte dessa construção de mudança quando ela percebe alguém em sofrimento, de fazer denúncia, de se pronunciar", explica.
Recentemente, a atriz Ísis de Oliveira foi destaque na imprensa, após caso de agressão sofrida pelo companheiro. Na ocasião, Ísis pediu ajuda para a amiga Luiza.
"Ela me relatou que estava sofrendo violência doméstica. Eu falei que ela tinha que tomar cuidado com esse episódio, prestar atenção, porque é crescente. A violência doméstica começa verbalmente, moralmente, depois psicológica, emocional, patrimonial, sexual e o último estágio é o feminicídio. Ela já vinha sofrendo violência física pesada. Eu falei para ela: 'o momento que você tiver preparada para pedir ajuda, me manda um SOS que eu te ajudo', e foi o que aconteceu. Ela me mandou. Foi um momento que ela pegou o telefone muito rápido e, logo em seguida, a Polícia Militar chegou porque eu acabei ligando 190, mas pode ser 180 também. E as denúncias anônimas podem ser feitas sem você se envolver. Porque o maior problema da vítima de violência doméstica é a vergonha de falar, de botar sua história para fora, de fazer a denúncia, e as pessoas que assistem tem vergonha de se colorarem também. Então a gente pode fazer denúncia anônima e salvar a vida de uma mulher", concluiu.
O fato é que Luiza Brunet está engajada nesse assunto e levando a conscientização para onde pode. Com sua história de vida, consegue entender o que uma vítima de violência doméstica a e, assim, encorajá-la a denunciar.
Veja a entrevista completa abaixo:
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*Marcos Bulques é jornalista formado pela Universidade do Vale do Paraíba e pós-graduado pela Universidade de São Paulo. Atuou em rádio, televisão, jornais e revistas. Criou o canal 'Conexão Entrevista' no YouTube e atualmente trabalha com assessoria de imprensa. Desde 2013 assina a coluna Inside do AgoraVale.