Câmara de Pindamonhangaba realiza audiência pública sobre serviços da Sabesp 3v3e3f

A Sabesp prometeu melhorias até 2029, mas pretende apresentar resultados ainda este ano.  26423l


A Câmara de Vereadores de Pindamonhangaba realizou uma audiência pública para discutir os serviços prestados pela Sabesp no município. Durante o encontro, também foi disponibilizado um número de WhatsApp para que os munícipes enviassem perguntas, além da possibilidade de questionamentos presenciais. A OAB de Pindamonhangaba também esteve presente para atender consumidores com dúvidas.

Entre os participantes estavam o presidente da Câmara, vereador Marco Aurélio (Marco Maior); o vereador autor do requerimento para a audiência, Francisco Norberto de Moraes; o secretário de Obras, Matheus Moraes Freitas; o superintendente da Sabesp na região de São José dos Campos, Eduardo Camargo Afonso; Jota Marcondes Júnior e a coordenadora do Núcleo Regional do Procon em São José dos Campos, Maria Augusta Cardoso; e o secretário de Governo, Thiago Gonçalves.

Reclamações e questionamentos

O vereador Norberto Moraes explicou a motivação para a audiência:

"Esse pedido de audiência pública é justamente por causa dos últimos 3, 4 meses. Pindamonhangaba vem enfrentando dificuldades com a entrega do serviço de distribuição de água e também com a qualidade. A população está tendo problemas e prejuízos. Precisamos dar uma solução e uma resposta para a população de Pindamonhangaba."

A Sabesp anunciou um investimento de R$ 1,13 bilhão até 2060 para melhorias nos serviços. Segundo os representantes, muitas redes de distribuição precisam ser trocadas, pois estão em operação há quase 50 anos. Entre agosto de 2024 e fevereiro de 2025, foram registradas 1.500 reclamações gerais sobre água e 408 sobre abastecimento.

O presidente da Câmara, vereador Marco Maior, questionou sobre a falta de água no bairro Cidade Nova:

"Um dos bairros que tem uma constante falta de água é o Cidade Nova. Quando o senhor cita a região do Goiabal e o Shangri-lá, está se referindo também ao Cidade Nova? Alcança?"

O representante da Sabesp respondeu:

Eduardo Camargo Afonso, superintendente da Sabesp na região de São José dos Campos,Eduardo Camargo Afonso, superintendente da Sabesp na região de São José dos Campos, (Foto : Web)

"Essa região também faz parte das obras que estão em expansão. A empresa responsável só falta terminar de entregar a documentação. Assim que for entregue, será feita a interligação, que irá favorecer o Santa Cecília e o Cidade Nova."

A vereadora Ana Paula Goffi cobrou melhorias no atendimento ao consumidor:



"Estamos realizando a audiência porque temos um problema acontecendo. Água não é luxo, ela é importantíssima e necessária para que as famílias tenham qualidade de vida. O que eu sinto, como representante que recebe as reclamações, é que a conta de água aumentou e o atendimento no Poupatempo dificulta o o de muitas pessoas carentes que não têm condições de se deslocar. Essa mudança para o Poupatempo dificulta, e também o atendimento no Conta Azul. Acabamos direcionando para o ponto físico da Conta Azul, e lá há uma fila. Por mais que tenhamos os canais de atendimento, acho que eles não estão sendo tão eficazes na orientação da população. O que está faltando são informações eficientes. Além de dar o nome da rua, casa e o que está acontecendo, é preciso que esse canal não seja apenas de captação de informações, mas que traga respostas para a população. O problema é que, quando falta água e não há orientação efetiva, as pessoas ficam no escuro, sem poder se planejar. Recebemos informações de que a água falta dia sim, dia não. Gostaria que a questão do atendimento e das orientações fosse melhorada, que o canal de atendimento fosse mais eficiente."

A Sabesp respondeu que a comunicação será avaliada e mencionou os impactos do recente ataque cibernético sofrido pela empresa:

"Tivemos o maior ataque cibernético do mundo, e isso prejudicou muito os canais de atendimento. A Sabesp contratou os melhores especialistas de TI para resolver os problemas. Esse é o nosso trabalho. Anotamos todas as considerações e as demandas dos clientes."

O vereador Norberto Moraes reforçou a necessidade de urgência na solução dos problemas:

"Ficamos muito otimistas com os investimentos planejados, mas uma coisa é fato: muitas pessoas mandaram reclamações para este vereador. Já chegaram ao Procon mais de 100 reclamações da Sabesp. Eu tenho muito mais reclamações da Sabesp do que vocês mostraram aqui. Não adianta falar que a água é limpa se ela apresenta uma cor que não dá coragem de beber. As reclamações estão sendo diárias em vários bairros, até em Moreira César. A população de Pinda não pode beber água desse jeito, e não pode faltar água do jeito que está faltando. Pedimos, com urgência, alguma medida para melhorar a qualidade da água."

A Sabesp orientou os moradores a registrarem as reclamações nos canais oficiais para que providências sejam tomadas.

Participação da população

O morador do Araretama, Miguel Jacó, destacou as dificuldades enfrentadas no bairro:

"O Araretama, infelizmente, fica sem água direto. A gente liga e os telefones não atendem, são máquinas que falam com a gente. Máquinas não resolvem. Nós moramos no Araretama e, para ir ao Poupatempo, gastamos quatro agens de ônibus. Uma família que ganha um salário mínimo tem dificuldades. Parece que a Sabesp tem prazer em ver o povo longe, e não é isso que a gente quer. Nós queremos a solução dos problemas. E para onde a gente vai? Para a Câmara de Vereadores. Queremos que vocês procurem uma maneira de trazer um atendimento mais próximo da cidade, para facilitar."

A Sabesp respondeu:

"A palavra que as pessoas estão deixando de lado é confiança. É preciso confiar. Por isso, estamos mostrando os investimentos. Quando falo de confiança, me refiro a mudar as coisas como estão hoje. Confiem no processo, porque a mudança acontecerá em curto prazo."

O morador José Luiz de Carvalho, do Bosque das Princesas, questionou a qualidade da água consumida:

"Nós somos consumidores e pagamos pelo produto. A água é de péssima qualidade e tem um preço exorbitante. Moramos no Vale do Paraíba. O rio Paraíba do Sul a por Jacareí, Caçapava, Taubaté, até chegar aqui em Pinda. Quanto resíduo químico é lançado nessa água? Quanto agrotóxico? O que a Sabesp faz nesse sentido? É feito um tratamento químico na água que consumimos? As pessoas estão adoecendo bebendo essa água. Os hormônios presentes nela estão fazendo mal."

O representante da Sabesp rebateu:

"Já tomei três copos de água aqui, e é a mesma água tratada do rio Paraíba do Sul. Se tiver alguém jogando química na água, precisa denunciar, porque isso é um crime ambiental. Nós tratamos a água e a deixamos potável. Fazemos isso bem. Não podemos confiar apenas no aspecto físico da água. Às vezes, ela parece limpa, mas está contaminada. Também somos fiscalizados pela Vigilância Sanitária. Acreditem na água que estão tomando."

A vereadora Ana Paula Goffi insistiu na questão da coloração da água:

"Por mais que se fale que a água tem qualidade, ninguém quer tomar água colorida. Por mais que digam que está potável, uma das características da água é ser incolor. Ninguém quer tomar banho ou beber água marrom."

A Sabesp explicou que a mudança de cor ocorre por conta da renovação da rede:

"Estamos renovando a estrutura em Pindamonhangaba e em outros municípios. A questão da água é pontual, não acontece em toda a cidade. Ela muda de cor em alguns bairros justamente porque estamos renovando a rede antiga. Até 2060, vamos investir mais de um bilhão de reais, mas não vamos esperar até lá. Vamos começar agora."

O presidente da Comissão de Direito do Consumidor da OAB de Pindamonhangaba reforçou a preocupação da população:

"Eu não quero saber dos problemas da Sabesp. Como consumidor, quero água de qualidade. Quando isso vai mudar?"

A Sabesp prometeu melhorias até 2029, mas pretende apresentar resultados ainda este ano. 

A ata da audiência será encaminhada à Sabesp, à Arsesp e ao Procon.